JORNAL DO CONCELHO DE SEIA E REGIÃO

Eventos, Cultura e Lazer:

“Um lugar à varanda”Produção d’Fusão apresenta a programação cultural para Valezim, Loriga e Sabugueiro

Entre setembro e novembro, a programação cultural regressa a...

Festival de Sopas da Serra da Estrela decorre a 9 de novembro, em São Paio (Gouveia)

O 24º Festival de Sopas da Serra da Estrela...

Festival do Cobertor de Papa

A freguesia de Maçainhas (Guarda) vai acolher, este fim-de-semana...
Início Site Página 36

XXII Oppidana Festival de Tunas da Guarda no TMG de 21 a 23 de março

Para os espetáculos de 2025 no Teatro Municipal da Guarda a Copituna d’Oppidana convidou duas tunas do Porto e duas de Lisboa. A apresentação e animação vai estar a cargo dos À Meia Noite nas Eólicas. “As tunas académias agora parecem orquestras: são um coro e uma orquestra ao mesmo tempo”, afirma José Canas, presidente da Direção da Copituna d’Oppidana.

Duas tunas académicas do Porto e outras duas de Lisboa irão participar no XXII OPPIDANA Festival de Tunas Cidade da Guarda | IPG 2025, no Teatro Municipal da Guarda (TMG), durante os dias 21, 22 e 23 de março. Para além da Copituna d’Oppidana, a tuna do Instituto Politécnico da Guarda, atuarão em concurso perante um júri independente a Tuna de Tecnologia da Saúde do Porto, a Tuna de Medicina do Porto, a Tuna da Universidade Lusíada de Lisboa e a Estudantina Universitária de Lisboa.

A parte competitiva do festival integra igualmente as serenatas que terão lugar no café-concerto do TMG durante a tarde de sábado, 22 de março. Esta secção também é avaliada pelo júri do concurso e corresponde a um dos prémios técnicos: os pontos conseguidos contam para a pontuação final e para a luta pelo troféu principal, o Prémio D’Oppidana.

Para além das tunas em competição, os concertos de sábado à noite serão apresentados e animado pelos À Meia Noite nas Eólicas, um agrupamento de tunos antigos da Guarda com muitas músicas satíricas no seu reportório. A Copituna d’Oppidana e os À Meia Noite nas Eólicas criaram a expectativa de que irão apresentar novidades musicais no espetáculo do próximo sábado.  

“A Copituna d’Oppidana vai apresentar aos colegas do IPG, aos guardenses e aos colegas de outras academias espetáculos de grande qualidade”, afirma José Canas, presidente da Direção da tuna académica do Politécnico da Guarda. “De há dez anos para cá, houve uma grande evolução na densidade musical das tunas académias, que agora parecem orquestras: são um coro e uma orquestra ao mesmo tempo”.

O presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Joaquim Brigas, afirma que esta é uma boa ocasião para os alunos do IPG e toda a cidade aderirem às atividades académicas e para desfrutarem do festival organizado por um dos atores culturais da região da Guarda. “A Copituna d’Oppidana, o seu canto e a sua música, são uma parte integrante da experiência académica na Guarda”, afirma Joaquim Brigas. “A presidência do Politécnico da Guarda apoia, como sempre, este momento de festa e de convívio entre estudantes de várias academias do país”

São sete os prémios que irão ser atribuídos pelo júri constituído por músicos, professores e antigos tunos. Há os prémios técnicos “Melhor Pandeireta”, “Melhor Estandarte”, “Melhor Serenata” e “Melhor Solista”. Há também os prémios “Tuna Mais Tuna” e “Melhor Original”. No prémio “Tuna mais Público”, será o público a escolher a sua tuna favorita: quem acompanhar o festival por streaming no YouTube também poderá participar nessa votação. O galardão que premeia a tuna vencedora do festival é o “Prémio D’Oppidana”

Ações de sensibilização, segurança e prevenção direcionada à comunidade sénior no distrito da Guarda

O Comando Territorial da Guarda, através da Secção de Prevenção Criminal e Policiamento Comunitário (SPC), entre os dias 1 de fevereiro e 6 de março, desenvolveu um conjunto de visitas domiciliárias a idosos residentes no distrito da Guarda, com o objetivo de reforçar as medidas de segurança e promover boas práticas de saúde durante o período de inverno, com especial atenção à prevenção de furtos e burlas, assim como à promoção de hábitos que favoreçam o bem-estar dos cidadãos mais vulneráveis.

As ações de sensibilização, segurança e prevenção direcionada a esta comunidade, tiveram como objetivos primordiais, não só o aumento da literacia em saúde e segurança dos idosos, mas também o combate ao isolamento social, disponibilizando-lhes informações essenciais sobre práticas que promovem a sua segurança, saúde e integração na comunidade.

No decorrer deste período, os militares da SPC efetuaram 350 visitas, sensibilizando um total de 630 idosos para a importância da adoção de medidas de autoproteção e da implementação de rotinas que promovam a sua saúde e qualidade de vida. Esta iniciativa contou com o apoio do Pingo Doce, parceiro da GNR em ações e iniciativas locais para o combate ao isolamento, solidão e carência alimentar que, frequentemente, afetam esta faixa etária da população, e que disponibilizou bens alimentares que foram distribuídos aos idosos no decorrer das visitas.

A GNR reafirma o seu compromisso contínuo na relação de proximidade com a comunidade e com a execução de ações preventivas, destacando a relevância da atuação informativa e pedagógica junto da população idosa, de forma a mitigar os riscos de vitimização e promover a sua qualidade de vida.

Faleceu o nosso colaborador e grande amigo Manuel Miranda

É com enorme tristeza que informamos que o nosso colaborador e grande amigo de longa data, Dr. Manuel Miranda, faleceu ontem, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).Manuel Miranda colaborava com o Jornal de Santa Marinha há já muitos anos.

Era conhecido, em Santa Marinha, não só pela sua colaboração com o JSM, mas, também pelas férias de verão que passava na Fundação Aurora Borges com a sua esposa, Dr.ª Prazeres Quintas e com o seu filho Tiago, mais conhecido por “Tiagolas”, um menino com deficiência profunda, agora um adulto. Uma família maravilhosa, pela qual todos nutríamos e continuamos a nutrir um enorme carinho.

Defensor acérrimo da questão da deficiência, Manuel Miranda, professor de Português, escreveu vários livros dedicados ao tema da deficiência e também diversos artigos de opinião sobre o assunto no Jornal de Santa Marinha.

Em conjunto com a sua esposa e com um grupo de pais com filhos portadores de deficiência, Manuel Miranda concretizou um dos sonhos da sua vida: fez nascer a “Associação de Famílias Solidárias com a Deficiência – Cavalo Azul”.

Esta Associação foi criada em 2006 e cumpriu o seu propósito ao edificar o equipamento social “Centro Cavalo Azul”, que se encontra em funcionamento desde 1 de abril de 2015. Esta dá resposta a 30 pessoas com deficiência intelectual, através das respostas sociais de Lar Residencial (LRE) e Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI).

Esta era uma preocupação bastante grande para estes pais que, com o seu envelhecimento e com o seu filho com deficiência a seu cargo, ansiavam por um equipamento social de confiança e de qualidade que apoiasse todos os pais que se encontravam nesta situação, combatendo, ao mesmo tempo, o medo e a angústia de um dia partirem.

E esta era, sem dúvida, uma grande preocupação para Manuel Miranda. Quem iria tomar conta do seu filho, após a sua partida? Quem lhe iria dar o amor, o carinho, a segurança que sempre deram ao Tiagolas?

Esta casa refúgio foi a demonstração da sua inquietude, da sua resiliência, da sua luta constante e teimosia inabaláveis pelo tema “DEFICIÊNCIA”. E a obra nasceu!Recordamos Manuel Miranda como uma pessoa extremamente culta, educada, lutadora e íntegra.

Um pai e marido exemplares. Um ser humano preocupado com a temática da deficiência, manifestando sempre a sua opinião por esta questão e alertando a sociedade para acabar com estigmas e preconceitos.

Acabamos com uma frase que demonstra bem a sua luta por um mundo mais inclusivo: “A riqueza do mundo não é propriedade só de alguns, mas de todos, também dos deficientes. Todos com direitos à inclusão, sem restrições, sem limitações e sem exclusões.”

Até um dia amigo Manuel Miranda!

Torneio de basquetebol, este sábado, em São Romão

O Seia Basket vai organizar, este sábado, dia 15 de março, o seu primeiro Torneio de Basquetebol de 2025, destinado aos escalões mini 8, mini 10 e mini 12.

A iniciativa, que decorrerá no Pavilhão Gimnodesportivo Padre Martinho, em São Romão, contará com a participação de cerca de 120 jovens atletas de várias equipas de diferentes distritos da zona Centro, incluindo o ARC Oliveirinha / Basket Clube de Canas, Club Camões, Grupo Desportivo de Trancoso, Guarda Basket, Gumirães, além dos atletas do Seia Basket. 

Segundo a organização, este torneio “será mais um momento de convívio, aprendizagem e de promoção da atividade desportiva, especialmente do basquetebol que continua a crescer no concelho. Queremos agradecer a dedicação a todos os seus atletas, pais, apoiantes, sócios, parceiros e patrocinadores.”

Guarda – Identificado suspeito por crime de maus-tratos a animal de companhia

 O Comando Territorial da Guarda, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) do Destacamento Territorial da Guarda, identificou ontem, dia 13 de março, um homem de 70 anos pelo crime de maus-tratos a animal de companhia, no concelho da Guarda.

No âmbito de uma denúncia por maus-tratos a animal de companhia, os elementos do SEPNA realizaram diversas diligências que permitiram apurar que o suspeito mudou de residência para outro distrito, deixando um canídeo preso e abandonado, sem alimentação nem água.

No seguimento da ação, o animal foi resgatado e entregue no Canil Municipal da Guarda para tratamento e recuperação.

O suspeito foi identificado, tendo sido elaborado o respetivo auto de notícia.

Os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial da Guarda.

A GNR recorda que o crime de maus-tratos a animais de companhia é punido criminalmente com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa. A Guarda Nacional Republicana, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), tem como preocupação diária a proteção dos animais, apelando à denúncia de eventuais situações de maus-tratos ou abandono. Para o efeito, poderá ser utilizada a Linha SOS Ambiente e Território (808 200 520), que funciona em permanência para a denúncia de infrações ou para esclarecimento de dúvidas.

“Cada vez que deixamos a nossa terra, é como se fôssemos arrancados de uma parte do nosso ser. Não há lugar como o nosso lar, independentemente dos mundos que conheçamos; existe uma ligação umbilical impossível de romper.”

Vem a Seia uma a duas vezes por ano e o que mais destaca “é a resiliência de alguns senenses – essa capacidade de, mesmo tendo oportunidades noutros destinos, escolherem permanecer e lutar pelo concelho.” E acrescenta que “Seia precisa de líderes com visão, com coragem para fazer diferente e com vontade de transformar este potencial em realidade. Porque a matéria-prima está cá – só falta trabalhá-la com a intensidade e a inteligência que merece.”

António João Ferrão (AJF): Sou senense, nascido em Seia em 1974, sob os cuidados do renomado Dr. Guilherme, cuja dedicação ao bem público ainda ecoa na memória dos mais antigos; e, como Seia clama por figuras carismáticas como a dele, se eu nascesse hoje, provavelmente seria num hospital da Guarda, Viseu ou Coimbra – contudo, tenho orgulho de pertencer a uma geração que pode afirmar com convicção e orgulho: sou senense de gema.

AJF: Em 2012, decidi embarcar nesta aventura. Antes disso, graças à presença de familiares que já residiam e trabalhavam aqui, tive a oportunidade de visitar o território e mergulhar no encanto único da região. Ao chegar à Ásia pela primeira vez, o impacto inicial é marcado pelos cheiros e pela humidade – a princípio estranhos, mas que logo se entranham. Nessas visitas, pude sentir a magia das metrópoles vibrantes, a sofisticação da tecnologia de ponta e experimentar os sabores exóticos de uma cozinha que, à primeira vista, me era totalmente inédita. Foi, numa dessas viagens, de forma surpreendentemente improvável, que reencontrei um professor da faculdade, que me convidou para lecionar numa universidade local – convite que aceitei no verão de 2012, dando início a uma aventura transformadora e repleta de descobertas.

AJF: Já se passaram 13 anos nesta terra cheia de contrastes, onde aprendi a amar cada detalhe. Em Macau, a convivência entre modernidade e tradição cria um estilo de vida singular – um ambiente urbano dinâmico, onde o luxo dos grandes casinos e hotéis se contrapõe à portugalidade presente na arquitetura, nos becos que evocam os bairros típicos de Lisboa e nas placas com nomes de ruas ainda em português.

AJF: A minha formação académica é em Engenharia Informática. Atualmente desempenho funções de liderança no departamento de informática de uma empresa em Macau, com forte incidência em projetos no setor dos casinos, e, paralelamente, transmito a minha experiência enquanto docente, ministrando disciplinas de informática e governação digital numa universidade de Macau.

AJF: Não, a integração não foi particularmente difícil, sobretudo graças ao apoio dos meus compatriotas, tanto no âmbito pessoal como profissional. Naturalmente, integrar-me com a comunidade portuguesa ocorreu de forma fluida, enquanto a adaptação à comunidade chinesa impôs desafios – principalmente devido às barreiras linguísticas e às diferenças culturais. Esses obstáculos, contudo, enriquecem a experiência de viver no outro lado do mundo.

AJF: Infelizmente, cada vez menos portugueses permanecem em Macau. A pandemia impulsionou a saída de muitos e as restritas condições para obter o cartão de residente têm contribuído para essa diminuição. Atualmente, a residência só se consegue mediante contrato de trabalho que cumpra rigorosos requisitos impostos pelo governo, que define as áreas com carência de recursos e permite a contratação apenas de estrangeiros considerados verdadeiras mais-valias para essas vagas. Embora os salários sejam mais atrativos, o elevado custo de vida e as exigências para o visto de trabalho dificultam a captação de mais portugueses para o mercado de trabalho em Macau.

AJF: Apesar da transferência da administração para a China há 25 anos, o legado português em Macau permanece vivo. A arquitetura e a gastronomia são evidentes: o Centro Histórico, inscrito na lista do Património Mundial da UNESCO, é uma das provas mais marcantes desse passado. Além disso, o sistema jurídico de Macau, estruturado a partir do modelo português, reflete claramente a influência de tempos passados, sendo visível na organização dos tribunais e nos procedimentos legais que ainda vigem. Quanto à língua, ela poderia ter sido a marca de maior impacto, mas Portugal sempre adotou uma visão predominantemente económica em vez de histórica ou geopolítica sobre Macau – uma atitude que, lamentavelmente, ainda se nota hoje.

AJF: A língua portuguesa, infelizmente, tem-se tornado cada vez menos presente em Macau. Fora da comunidade portuguesa – e dos macaenses (mais velhos) – é raro ouvir o nosso idioma a ecoar nas ruas ou estabelecimentos, sendo praticamente inexistente e de utilidade no setor privado, embora continue a ser uma das línguas oficiais do território.

AJF: Sim, tenho dois filhos, o Gabriel de 7 anos e o Vicente de 4 anos.

AJF: Ambos falam português e inglês fluentemente. Frequentam escolas de matriz portuguesa, onde também têm aulas de mandarim – o mais velho, por exemplo, está no primeiro ciclo da Escola Portuguesa de Macau. Contudo, como em casa não usamos o mandarim, a fluência nessa língua ainda representa um desafio para eles.

AJF: Eles nasceram aqui em Macau. Para eles, esta terra é o seu lar e a adaptação foi, por si só, natural.

AJF: Gosto de desfrutar das coisas simples: recebo amigos em casa, adoro cozinhar (dizem que herdei a paixão pela cozinha do meu pai) e aprecio longos serões à volta da mesa, um hábito que, com toda a certeza, vem das minhas raízes serranas e da calorosa tradição de bem receber, tão característica das gentes de Seia.

Além disso, vivendo em Macau, aproveito sempre que posso para aventurar-me pela China continental ou por Hong Kong, onde cada visita se revela repleta de descobertas surpreendentes. Para se ter uma ideia, nas proximidades de Macau encontram-se cidades como Zhuhai, com cerca de 2 milhões de habitantes; Cantão, com 15 milhões e Shenzhen, com 17 milhões, que se destaca como uma das cidades mais evoluídas do mundo, símbolo de inovação e dinamismo urbano. Por outro lado, destinos como a Tailândia, as Filipinas, Camboja ou o Vietname estão a apenas 2 a 4 horas de voo, permitindo-nos explorar lugares que, na minha juventude, eram tangíveis apenas no universo dos sonhos.

AJF: Sempre que me fazem essa pergunta, lembro-me da canção “Para os Braços da Minha Mãe”, de Pedro Abrunhosa. Cada vez que deixamos a nossa terra, é como se fôssemos arrancados de uma parte do nosso ser. Não há lugar como o nosso lar, independentemente dos mundos que conheçamos; existe uma ligação umbilical impossível de romper. Acredito que qualquer emigrante, onde quer que se encontre, compartilha desse sentimento profundo.

AJF: Falta-me, sobretudo, a proximidade da família e daqueles amigos da meninice, que, por mais mundo que percorramos e pessoas que conheçamos, permanecem sempre connosco, como se, mesmo distantes, continuassem a crescer ao nosso lado.

E depois, sinto falta de tudo o que a nossa serra e as nossas gentes nos proporcionam: da gastronomia, das paisagens deslumbrantes, do ar puro e da água fresca e natural. Recordo com carinho os convívios espontâneos, as gentes acolhedoras das aldeias e até aquelas noites em que se terminava numa garagem desconhecida, a saborear uma chouriça assada, acompanhada de um copo de vinho servido diretamente da pipa. – Momentos simples, mas profundamente enriquecedores e que nos ficam gravados na memória para todo o sempre.

AJF: Infelizmente, não tantas vezes quanto gostaria. A distância e os compromissos profissionais limitam as visitas a, no máximo, uma ou duas vezes por ano.

AJF: Saí de Seia com 18 anos, numa época em que a cidade fervilhava de vida e juventude. O que mais me surpreende, e respondendo à sua pergunta, é que, sempre que regresso ao longo destes 33 anos, a sensação é a de uma autêntica viagem ao passado. Nota-se muito pouca mudança, como se o tempo tivesse congelado num daqueles momentos de vídeo em que tudo está em movimento e, de repente, todos ficam imóveis, suspensos no tempo. Uma estagnação difícil de compreender. Mas o pior é que aquilo que, de facto, mudou, parece ter mudado para pior.

AJF: Sempre que me é possível, procuro acompanhar as notícias da minha terra, seja através das redes sociais, seja pelos meios de comunicação locais. Aproveito para aplaudir o serviço que prestam, destacando, por exemplo, o Jornal de Santa Marinha, cuja persistência merece reconhecimento, resistindo e garantindo que ainda seja possível ter acesso a notícias locais. No entanto, sinto que, mesmo neste campo, as opções são cada vez mais limitadas. Faz falta um maior dinamismo na comunicação social do concelho, tanto na imprensa escrita como na rádio, para que a informação local não se perca.

AJF: O que mais destaco é a resiliência de alguns senenses – essa capacidade de, mesmo tendo oportunidades noutros destinos, escolherem permanecer e lutar pelo concelho. E não posso deixar de mencionar o encanto intemporal do Parque Natural da Serra da Estrela, que, apesar de todos os desafios, continua a preservar a sua essência.

AJF: O que dizer? As evidências estão por todo o lado. Foram décadas de promessas vãs, de projetos falhados, de decisões políticas desastrosas que não só não resolveram os problemas de Seia, como os agravaram.

O exemplo mais paradigmático desse desnorte é o que fizeram no Largo da Feira – um verdadeiro monumento à incompetência. Que idiotice foi aquela? Como é possível gastar dinheiro dos contribuintes para criar algo sem qualquer sentido, sem utilidade, sem visão? E chamam-lhe Porta da Estrela? Mais valia terem dado outro nome àquela aberração algo que refletisse melhor a inutilidade do espaço, sem propósito, sem identidade e sem qualquer benefício para a cidade.

E o pior é que nem era preciso ser um génio para perceber que aquele espaço poderia ter sido transformado em algo útil, vibrante, integrado no desenvolvimento da cidade. Bastava bom senso.

E enquanto isso, Seia definha. Nos últimos anos perdeu quase 24% da sua população. Basta percorrer o centro da cidade para ver as ruas desertas, as lojas fechadas, os negócios locais que resistem sabe-se lá com que sacrifício para manter as portas abertas.

Venderam-nos sonhos e entregaram-nos ruínas. Estamos perante um concelho estagnado, sem gente, sem emprego e sem atratividade para fixar os mais jovens.

Seia e todo o concelho encontram-se neste estado devido a anos de más decisões políticas, marcadas pela incompetência sucessiva de quem governou sem visão nem estratégia. E digo isto com alguma contenção, para não usar termos ainda mais duros para descrever aqueles que permitiram que a nossa terra chegasse a este ponto.

AJF: Sou daqueles que, mesmo diante das adversidades, procuram sempre encontrar o lado positivo. E Seia, continua a ser um concelho com um enorme potencial. Tem uma localização privilegiada, no coração da Serra da Estrela, uma riqueza natural incomparável, um património histórico e cultural que poderia ser muito mais valorizado, e um conjunto de recursos que, se bem aproveitados, poderiam transformar a economia local e reverter o declínio populacional.

Os jovens partem porque não encontram aqui um futuro. O turismo, que poderia ser um motor de desenvolvimento, continua a ser explorado de forma amadora e sem estrutura.

Seia tem tudo para ser um destino turístico de referência, um polo de inovação ligado à montanha, à sustentabilidade e à gastronomia. Tem espaço para se afirmar na área do desporto de alta performance, tem condições para atrair investimento e reter talento.

Mas para isso, é preciso quebrar este ciclo de marasmo, de promessas vãs e de política de remendos.

Seia precisa de líderes com visão, com coragem para fazer diferente e com vontade de transformar este potencial em realidade. Porque a matéria-prima está cá – só falta trabalhá-la com a intensidade e a inteligência que merece.

Enquanto há vida, há esperança. E é nisso que devemos focar-nos.

AJF: Por agora, o nosso projeto de vida familiar está enraizado em Macau, e, a menos que surjam mudanças significativas a nível profissional, não equacionamos um regresso a curto prazo. No entanto, a médio prazo, a intenção é voltar a Portugal – e, quem sabe, a Seia. Seia está e estará sempre presente, não apenas na memória, mas também como uma possibilidade real para o futuro.

AJF: Quero deixar uma palavra de reconhecimento e gratidão aos jovens que decidem ficar e lutar pelo futuro da nossa terra. Seia tem um potencial imenso, e é fundamental lembrar que o futuro está nas vossas mãos. Tenham ousadia, intervenham no espaço público, façam valer as vossas ideias – porque vocês têm valor e podem ser a mudança que Seia precisa.

Aos emigrantes, envio um forte abraço, porque só nós sabemos a falta que a nossa terra nos faz.

Sei que Seia tem, espalhados pelo mundo, emigrantes de enorme valor, e seria essencial a criação de uma plataforma que unisse essa diáspora, permitindo restabelecer laços e raízes com a nossa terra.

Bem hajam!

Pinhel – Detido por posse ilegal de arma

O Comando Territorial da Guarda, através do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Pinhel, deteve, no dia 10 de março, um homem de 66 anos por posse ilegal de arma, no concelho de Pinhel.

No âmbito de uma investigação pelo crime de ameaças, que decorria há cerca de quatro meses, os militares da Guarda deram cumprimento a três buscas, uma domiciliária, uma em veículo e outra em armazém. A operação culminou na detenção do suspeito por posse ilegal de arma e na apreensão de: uma caçadeira; uma pistola e 18 cartuchos;

O detido foi constituído arguido e os factos foram comunicados ao Tribunal Judicial de Pinhel.

Seia promove ação de formação sobre a Metodologia de Cuidados Humanitude

O Município de Seia, em parceria com o Instituto da Segurança Social, I.P. – Centro Distrital da Guarda, promove a Ação de Formação “Metodologia de Cuidados Humanitude – A importância da relação e a sua profissionalização na prestação de cuidados”, nos dias 14 e 21 de março, na Casa Municipal da Cultura de Seia.

Esta formação, de 12 horas, dirige-se essencialmente a dirigentes e diretores/as técnicos/as das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) com respostas sociais na área da população idosa e/ou com deficiência ou incapacidade, podendo ser alargada a coordenadores/as de equipa, outros técnicos e colaboradores das instituições.

A metodologia de Cuidados Humanitude promove uma abordagem centrada na pessoa cuidada, mais do que na tarefa, contribuindo para a humanização dos cuidados, o bem-estar dos utentes e a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas instituições. Implementada em diversas organizações, esta filosofia valoriza a relação entre cuidador e pessoa cuidada, fornecendo técnicas que profissionalizam o cuidado e evitam intervenções em força ou não consentidas.

A formação será ministrada por Amélia Martins, licenciada em Serviço Social, pós-graduada em Neuropsicologia Clínica e doutorada em Psicologia Cognitiva pela Universidade de Coimbra. Conta com uma vasta experiência na implementação da metodologia Humanitude em Portugal, Espanha e Itália, sendo co-fundadora e formadora na Cooperativa Via Hominis e membro do IGM Portugal.

A participação é gratuita, mas sujeita a inscrição obrigatória, na página de internet do Município (cm-seia.pt).

Seia acolhe a 1.ª Taça Internacional de Downhill nos dias 15 e 16 de março

O Bike Park de Vila Cova à Coelheira, no concelho de Seia, volta a ser o cenário da 1.ª Taça Internacional de Downhill, que decorrerá nos dias 15 e 16 de março. A prova, integrada no calendário da União Ciclista Internacional (UCI) como competição de categoria C1, é também pontuável para a Taça de Portugal de Downhill, apresentada pela SHIMANO.

Com um traçado de 1.700 metros, a pista – inaugurada em 2022 nos terrenos baldios da freguesia de Vila Cova à Coelheira – tem sido amplamente reconhecida pela sua exigência técnica e pela envolvência paisagística singular. Este ano, a experiência dos adeptos será ainda mais intensa, com a criação de uma zona dedicada ao público, que inclui um espaço de restauração e um ecrã gigante para acompanhar a transmissão em direto da prova.

O evento é organizado pela Estrela Ativa – Associação de Desenvolvimento Turístico e Desportivo da Serra da Estrela, pela Associação de Ciclismo da Beira Alta e pela Federação Portuguesa de Ciclismo, contando com o apoio do Município de Seia e da Junta de Freguesia de Vila Cova à Coelheira.

A competição promete atrair alguns dos melhores pilotos mundiais da modalidade, proporcionando um espetáculo de grande emoção e adrenalina, consolidando-se como uma referência no panorama do downhill em Portugal.

Sabugal – Resgate de corço ferido

O Comando Territorial da Guarda, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda, resgatou, no dia 6 de março, um corço (Capreolus capreolus) ferido, no concelho do Sabugal.

Na sequência de um alerta por parte de um popular a dar conta de que o animal se encontrava ferido na berma da Estrada Nacional (EN) 16, no referido concelho, os elementos do SEPNA deslocaram-se para o local, onde procederam à recolha do espécime.

O animal resgatado foi transportado para o Centro de Recuperação de Animais Selvagens (CERVAS), em Gouveia, para monitorização do seu estado de saúde, recuperação e posterior libertação no seu habitat natural.

A Guarda Nacional Republicana, através do SEPNA, tem como preocupação diária a proteção ambiental e dos animais. Para o efeito, poderá ser utilizada a Linha SOS Ambiente e Território (808 200 520) funcionando em permanência para a denúncia de infrações ou esclarecimento de dúvidas.