Uma pavorosa canícula varre Portugal de lés-a-lés com consequências de autêntica tragédia. Costuma dizer-se que “onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”.
De facto, ao escutar a rádio ou ouvir os vários canais de televisão, só damos conta de queixumes, críticas, lamentações e até impropérios com origem em partidos políticos, dirigentes e candidatos.
Do nosso ponto de vista, os que menos falam e tinham mais razões para o fazer são os pobres donos das casas, das propriedades, alfaias agrícolas e animais que veem transformar-se em cinzas o trabalho de uma vida inteira.
É verdade que o calor é um dos fatores que concorre para este estado de coisas e não é menos verdade que no ano em curso e mais precisamente no verão, a temperatura tem atingido valores anormais de enorme preocupação. Temos consciência de que todas as forças empenhadas na luta contra incêndios têm tido um papel fundamental e insubstituível prenhe de dedicação, sentido de responsabilidade e missão a roçar o heroísmo.
Não podemos, porém, aceitar o palavreado que os Senhores Presidentes da Câmara escolhem para atirarem culpas para o governo numa tentativa habilidosa de esconderem as suas próprias responsabilidades.
Sejam corretos, sinceros e justos e digam às suas populações o que fizeram, que projetos criaram e que ações já desenvolveram para reduzir a perigosidade dos incêndios e evitar as enormes tragédias às suas populações: Mas falem de coisas concretas, de projetos autênticos, e ações conhecidas e divulgadas e não se escondam sob retóricas baratas sem verdade nem conteúdo.
Infelizmente, esta situação repete-se, ano após ano com as mesmas e esfarrapadas desculpas. É hora de mudar de tática e inspirados na velha máxima latina cumprir: “Res non verba” – obras e não palavras!