Por Hugo Correia – Enfermeiro e Presidente do Conselho Jurisdicional da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros
A busca pela felicidade no trabalho é uma preocupação crescente em todas as profissões, e na enfermagem, esta temática adquire contornos ainda mais relevantes. Para nós, Enfermeiros, a satisfação profissional não se traduz apenas num salário justo, mas envolve uma combinação de fatores que vão desde o ambiente de trabalho até o reconhecimento da nossa dedicação.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a satisfação no trabalho está diretamente relacionada à qualidade do cuidado que proporcionamos aos nossos utentes. Como enfermeiro, sinto que a felicidade no exercício da minha profissão resulta em um círculo virtuoso: um cuidado realizado com entusiasmo gera utentes mais satisfeitos e, consequentemente, alimenta a nossa própria realização profissional.
Comparando a felicidade no trabalho entre enfermeiros portugueses e aqueles que decidiram emigrar, percebe-se uma diferença notável nas perceções. Muitos enfermeiros em Portugal enfrentam desafios como a sobrecarga de trabalho, a falta de recursos e a escassez de pessoal. Estas condições nem sempre propiciam um ambiente de trabalho que favoreça a felicidade. Vários colegas expressam, em conversas informais, que a paixão pela profissão se esvai face a um sistema que, por vezes, não valoriza adequadamente os seus esforços.
Em contraste, muitos enfermeiros emigrados relatam experiências positivas. Em países como o Reino Unido ou a Alemanha, encontram-se frequentemente condições de trabalho mais dignas, reconhecimento profissional e oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Como afirma a Comissão de Trabalhadores de Saúde da Europa, “A felicidade no trabalho é fundamental para a retenção de talento na saúde, e o reconhecimento das nossas competências é um motor essencial para a satisfação”.
É fundamental que tanto os gestores/decisores da saúde em Portugal como os próprios profissionais de Enfermagem se unam na busca por um ambiente de trabalho que valorize a felicidade. Investir em bem-estar, formação contínua e reconhecimento é essencial. Como enfermeiros, devemos lutar por melhores condições laborais, mas ao mesmo tempo, cultivar um espírito positivo e colaborar uns com os outros, independentemente do local onde exercemos a nossa profissão. Afinal, a verdadeira felicidade no trabalho reside no cuidado que oferecemos e na comunidade que construímos ao nosso redor.