Nesta coluna de opinião, em março do ano passado (JSM, 2024/03/25, nr. 600), e no rescaldo das eleições decorridas nesse mesmo mês, fazia a pergunta que dá o título à coluna desta edição.
A resposta foi dada pelos portugueses, nas urnas, e de forma inequívoca, no passado dia 18. Afinal, era preciso mais e não se sabe quanto mais ainda vai ser preciso.
Os principais partidos políticos, aqueles com mais responsabilidades na governação do país, continuam sem perceber que os portugueses estão fartos de conversa fiada e não querem saber se aqueles que nos querem governar são hábeis a andar de moto ou a jogar voleibol de praia.
Os portugueses querem sentir que alguém os ouve, que alguém percebe os problemas que os preocupam e, se querem governar, que mostrem ser hábeis, isso sim, a resolvê-los, a fazer crescer o país e a discutir aquilo que realmente interessa. Quando isso não acontece, protestam e mostram a sua ira.
Mesmo que os partidos, nas audiências com o PR, façam juras de estabilidade, o que será difícil, de que serve a estabilidade se, como disse Passos Coelho, talvez o “único adulto na campanha”, não for para fazer as reformas necessárias.
A minha idade, o ter assistido à revolução de abril e presenciado o período conturbado que se seguiu, o ter votado nas primeiras eleições livres em Portugal e ter assistido a 50 anos de democracia, conferem-me alguma autoridade para afirmar que, nestes 50 anos, nunca nos confrontamos com líderes de tão baixa estatura política, intelectual, moral e ética, com total desconhecimento da vida real.
Desde o momento em que o PS escolheu Pedro Nuno Santos (PNS) para secretário-geral se sabia, mesmo os
socialistas, que estávamos perante um líder fraco, imaturo e incompetente.
E quando líderes e governantes fracos, como também é o caso de Luís Montenegro, se confrontam com opositores ainda mais fracos, o desastre está garantido.
O resultado nacional está à vista de todos, o país pintou-se de laranja e azul, com o PS a ter uma das votações e representação parlamentar mais baixas de sempre, o que é mau para a democracia.
A nível distrital verificou-se, em termos de votação e para os três principais partidos, quase que a repetição do resultado nacional e com a mesma distribuição de mandatos de 2024.
A AD elegeu a repetente Dulcineia Moura, que teve a coragem de questionar a abolição de portagens, a contrastar com a falta de seriedade do PS nesta matéria.
Aqui, o PS também não quis deixar de mostrar desprezo pelos eleitores. Em segunda escolha, indicou para cabeça de lista uma desconhecida, Aida Carvalho, que, em declarações ao jornal O Interior, disse “…conhecer relativamente bem o distrito…” e, em segundo lugar na lista, uma militante de Seia, Margarida Cardoso, que tinha já protagonizado a perda do quinto vereador do PS na câmara de Seia, nas autárquicas de 2021.
O resultado está à vista com PNS e PS a comprovaram, na prática, a teoria do “princípio da incompetência”.
Localmente e face a 2024, inverteram-se as posições entre a AD e o PS, com a derrota do PS e com uma diferença substancial de votos e a registar-se ainda um crescimento, ainda que marginal, do Chega.
No PS local já devem ter soado as campainhas, perante este desaire inédito, mas compreensível, a contrastar com o resultado animador e encorajador para a candidatura autárquica do PSD/JPNT, encabeçada por Paulo Hortênsio.
JÁ CHEGA OU AINDA É PRECISO MAIS ? (II)





